terça-feira, 4 de agosto de 2015

Depravação Total: O Efeito Do Pecado No Homem


O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. A criatura mais sublime do Criador foi coroada com atributos, capacidades, volição, sentimentos e intelectualidade que refletem o ser de Deus. A ele foi conferida uma liberdade tal que chamamos de livre arbítrio. Antes da queda, o homem tinha total liberdade para dominar sobre as demais criaturas, gerenciar e usufruir das coisas criadas. Essa liberdade (livre arbítrio) lhe garantia, também, dominar seus sentimentos, aptidões e vontades. Seus desejos, pensamentos, palavras e ações eram completamente puros e por isso ele desfrutava de um relacionamento direto e estreito com Deus, de modo que tudo isso satisfazia a vontade divina.

O livre arbítrio do homem lhe permitia agir livremente de acordo com a sua própria vontade e determinação. Contudo, Deus lhe traçou consoante essa liberdade que lhe dera uma única restrição: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal que estava no meio do jardim (Gn 2.16,17). Dessa obediência dependia a liberdade humana (livre arbítrio). Para continuar sendo um ser totalmente livre no seu agir e na sua vontade, o homem precisava cumprir essa ordenança divina, a qual chamamos Pacto de Obras. Tendo quebrado o pacto que Deus firmara com ele, o homem caiu da Graça e deixou de ser totalmente livre em suas ações, volição e intelecto para tornar-se escravo do pecado (Jo 8.34). A essa queda, a Teologia Reformada denomina de Depravação Total, porém esse termo é muito mal compreendido, seja pelos pelagianos que não aceitam a doutrina do pecado original, seja pelos semi-pelagianos e arminianos que insistem que restou no homem um pouco de bem depois da queda e acham que esse termo soa demasiadamente desagradável, ou até mesmo pelos próprios reformados para quem a doutrina ficou clara.

Quando afirmamos que o ser humano é totalmente depravado em seu ser, não estamos dizendo que os homens são tão ruins o quanto poderiam ser e o mais possivelmente imprestáveis. Dizer isso seria uma incoerência bíblico-teológica e uma negação das doutrinas da Graça e da imagem e semelhança de Deus. A Graça comum de Deus está sobre todos os homens e conforme ela, Deus faz com eles ajam muitas vezes positivamente, ou seja, fazendo coisas boas e refletindo a sua imagem e semelhança.

A depravação total consiste em dizer que após a queda, o pecado entrou no homem de modo que todos os atributos e faculdades humanos tornaram-se corrompidos (Rm 5.12). O salmista expressa categoricamente esse estado de corrupção do gênero humano dizendo: “Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por causa do meu pecado.” (Sl 38.3, ARA). O homem tornou-se tão corrompido que nem mesmo suas boas ações podem está isentas da contaminação e influência do pecado, que o profeta Isaías diz: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundícia... (Is 64.6, ARA) e o sábio Jó, sobre o homem, afirma claramente: “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? Ninguém!”(Jó 14.4, ARA).

Portanto, com o advento do pecado pela própria voluntariedade do homem (Adão), este não apenas passou a ser mortal e depravado em todo o seu ser, como também transmitiu a corrupção e a morte a toda humanidade (Sl 51.5; Rm 5.12). Essa corrupção total do gênero humano afetou aquela liberdade, chamada de livre arbítrio que ele possuía antes da queda, de tal maneira que o fez escravo do seu pecado. O homem não pode mais deixar de ser pecador, seu livre arbítrio agora se tornou escravo arbítrio, sua liberdade total, passou a ser uma livre agência. Isso significa dizer que não há nada que o homem faça agora, mesmo de acordo com sua livre vontade e voluntariedade que não esteja eivado pelo seu pecado. Dessa forma, ele só pode ser salvo e agradar perfeitamente a Deus através dos méritos, da obediência e do sacrifício vicário de Cristo.

 

Autor: Antonivaldo de Jesus Silva 

 

 

 

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