quarta-feira, 6 de abril de 2016

Conhecimento de Deus

As Escrituras orientam-nos a conhecer e prosseguir em conhecer a Deus (Os 6.3). Na carta aos Romanos, Paulo afirma que o que de Deus se pode conhecer, até mesmo seus atributos e sua divindade estão disponíveis ao conhecimento dos homens através da criação. No entanto, falamos de Deus como absconditus et revelatus, ou seja, um Deus que ao mesmo tempo em que está escondido do conhecimento do homem se revela para o mesmo.
Entender Deus como escondido e revelado ao mesmo tempo implica ter a consciência de que Deus sendo totalmente Outro, infinito e perfeito em seu ser, está muito além da capacidade e da razão humana que é finita e imperfeita. Todavia, aprouve a Deus revelar-se ao homem de duas formas distintas: 1). através da criação, uma revelação geral, isto é, disponível a toda humanidade; 2). através de Cristo e de Sua Palavra, uma revelação especial a qual Ele revela a homens escolhidos pela sua vontade.
A revelação geral não pode dá ao homem um conhecimento pleno e preciso da pessoa de Deus. Ela apenas serve para impingir na mente humana as impressões da divindade, fornecer uma indicação da existência de um Deus criador. Sua função é despertar o sensus divinatis gravado na alma humana. Esse senso da divindade não só torna o ateísmo impossível e irracional como também serve para tornar o homem condenável pelo fato de que tendo esse conhecimento de Deus ao seu dispor e desprezá-lo, também adultera a verdadeira adoração que a Deus é devida, adorando um deus imaginado, seja este construído a partir de elementos palpáveis ou pela engenhosidade da mente que lhe atribui uma natureza e caráter destoante daquele revelado na Escritura e conforme os moldes de um pensamento eivado de equívocos e imprecisão.
Sendo o homem um ser totalmente depravado em sua natureza, Deus em sua soberana vontade e propósito decretou revelar a si mesmo a alguns homens de uma forma especial dispondo a sua Graça, meios e métodos para que eles cheguem a um conhecimento necessário de Seu Maravilhoso Ser. Esse conhecimento que o homem pode ter não é pleno, mas suficiente para que o finito e imperfeito abarque uma noção do infinito e perfeito que é Deus. Não podemos conhecer a Deus na sua essência (Quid), mas podemos conhece-Lo através de seus atributos (Quali). A criatura humana não pode alcançar tal conhecimento se Deus não lhe comunicar pela sua Santa Palavra. Nenhum indivíduo pode arrogar-se de que de per si adquiriu ou construiu conhecimento sobre Deus. Só conhecemos de Deus aquilo que Ele nos quis revelar a seu respeito. Qualquer conhecimento de Deus que carregue o status de ter sido construído ou adquirido com a capacidade da razão humana terá a pecha de ser uma falsificação da mente do homem caído, que na fuga do Criador e por causa da sua natureza corrompida cria um deus ou imagens defeituosas de Deus conforme a fatuidade e devaneios de seus pensamentos. Deus não pode ser conhecido sem que haja piedade no homem, por outro lado essa piedade ou religiosidade não pode está correta se Cristo, revelação divina, não se interpor na situação do homem. Somente a Obra redentora do Messias reconcilia o homem com Deus e, essa reconciliação propicia um relacionamento mais íntimo com o Senhor.
Podemos aferir se o nosso conhecimento de Deus está coerente se ele é aquele revelado nas Escrituras e se o aplicarmos bem à sua finalidade. Para Calvino conhecimento de Deus não é apenas crer que Ele existe, mas aprendermos o que Dele nos é importa saber a seu respeito visando sua glória.
 

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