domingo, 22 de setembro de 2013


AS PROMESSAS DE DEUS: A ESPERANÇA ESCATOLÓGICA DO A.T.

 

 

Texto Bíblico: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.  (Gn 3.15)

 

A bíblia nos apresenta três virtudes essenciais que o cristão maduro deve possui: amor, fé e esperança. Dessas três, a esperança é a que fundamenta nossa escatologia.

 Quando falamos em escatologia pensamos imediatamente no livro de Apocalipse. Porém, devemos nos lembrar de que a bíblia inteira, desde Genesis é um livro essencialmente escatológico. Na escatologia está baseada esperança do povo de Deus.

A palavra escatologia advém de dois vocábulos gregos, escaton= últimas coisas e logia= estudo, significando, assim estudo das últimas coisas.

Existe uma harmoniosa relação entre criação, redenção e consumação. O propósito de Deus de criar, redimir e salvar um povo será levado à consumação desse propósito.

 É necessário ao crente ter aquela virtude essencial: a esperança (RM 8.24).

Não devemos ficar concentrados em especulações futuristas como fazem os dispensacionalistas que focam sua teologia escatológica no milênio e ignoram o sentido teológico e escatológico do A.T.

Existe uma profunda e harmônica relação entre passado - presente e futuro. Aquilo que Deus prometeu no passado, cumpriu na presente era e o que cumprirá no tempo vindouro. Essa é a real cosmovisão bíblica.

 Aos acontecimentos escatológicos do A.T. Anthony Hoekema chama de escatologia inaugurada.

 

I.                    A PRIMEIRA E BASILAR PROMESSA ESCATOLÓGICA DO A.T.

 

O pecado de Adão e Eva resultou na perda do direito diante de Deus, queda total da humanidade na Graça e sujeição do homem à ira e maldição. Toda a criação foi corrompida pela queda do homem. O pecado do homem afetou a criação. Todavia, os planos de Deus para a humanidade não estavam acabados.

 

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.  (Gn 3.15)

 

Como diz Hoekema “a partir deste ponto, tudo na revelação do A.T. olha para frente, e ansiosamente aguarda o redentor prometido”. Essa promessa-mãe, o Proto-Evangelho norteia toda a esperança escatológica do povo do A.T. Essa promessa deixou o inimigo (Satanás) em polvorosa, atormentado.

Em Apocalipse 12, João descreve esse desespero do inimigo. “Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse.”  Nos veros 3 e 4 ele fala de uma mulher que sofre dores de parto. “Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz.”

Quem é essa mulher? É a igreja. A igreja do A.T e também a igreja do N.T (Ap 12.13-18). A mulher representa Israel que dá a luz ao redentor prometido (Jesus).

Israel sempre esteve na expectativa da vinda do redentor, daquele que viria para libertar o seu povo.

 

Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. (Lc 2.25)

 

Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. (Lc 24.21)

 

Veja os textos bíblicos do A.T que mostram a esperança nessa promessa: (Gn 22.18; 26.4; 28.14; Dt 18.18; Sl 110.4; Is 7.14; Zc 9.9)

Agora vejamos o que diz Gn 49.8-10:

 

Judá, teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti. Judá é leãozinho; da presa subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos.

 

 

 

Também em 2Sm 7.12,13 Deus promete a Davi que estabeleceria seu reino para sempre (Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.  Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.). Segundo Hoekema, “o crente veterotestamentário aguardava um redentor, de maneiras diversas e pelo sentido de várias figuras, que deveria vir em algum tempo futuro para redimir o seu povo e, também para ser a luz dos gentios.”

 

II.                 O DESENVOLVIMENTO ESCATOLÓGICO DO A.T.

 

 

À medida que a história do Pacto vai se desenrolando, a partir da promessa-mãe em Gn 3.15, a escatologia do Antigo Testamento foi sendo desenvolvida no plano da Aliança da seguinte forma:

 

 

 

1). A Promessa da Nova Aliança

 

 Um dos incrementos que foram acrescentados e desenvolvidos na expectativa escatológica de Israel foi a renovação da aliança. Estava prometida uma nova e eterna aliança. Será uma aliança perfeita e que jamais será quebrada.

 

Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. ( Jr 31.31-33)

 

Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi. (Is 55.3)

 

2). A Promessa da Restauração de Israel

 

A ideia da aliança tem relação com a restauração da nação de Israel. Primeiro Deus promete formar uma grande nação (Gn 12.1-3), porém, essa nação estava sempre em juízo diante de Deus. Deus já havia previsto que não salvaria toda a nação e sim um remanescente fiel.

Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco. (Is 6.13)

Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, o restante se converterá; destruição será determinada, transbordante de justiça. (Is 10.22)

 

Esse remanescente de acordo com o Apóstolo Paulo é a igreja “Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo” (Rm 9.27). Para ele o remanescente é uma parte de Israel que faz parte da Igreja “Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça” (Rm 11.5) e que diferentemente do que dizem os dispensacionalistas não é possível que todo o Israel seja salvo, caso não se arrependa e seja enxertado - plantado por Deus no novo Israel “Eles também, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; pois Deus é poderoso para os enxertar de novo.” (Rm 11.23).

 

3). A Promessa do Derramamento do Espírito

 

Outra promessa que estava ligada à esperança escatológica de Israel era a promessa do derramamento do Espírito (Is 32.15-17). O profeta Joel foi quem profetizou essa promessa de modo mais claro.

E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR. (Jl 2.28-31)

 

4). A Promessa do Dia do Senhor

 

O dia do Senhor implica um tipo de socorro divino contra os inimigos, principalmente contra o cativeiro babilônico. Porém o dia do Senhor nas profecias do A.T tem um caráter tanto positivo quanto negativo. O dia do Senhor seria de esperança apenas para o remanescente fiel, mas para os infiéis seria de juízo.

 

Ai de vós que desejais o Dia do SENHOR! Para que desejais vós o Dia do SENHOR? É dia de trevas e não de luz. (Am 5.18).

 

5). A Promessa do Reino de Deus

 

No A.T a ideia do Reino de Deus estava relacionada à Pessoa do Messias. Com a promessa do Messias vinha a de um reino messiânico (Is 9.6,7; Jr 23.5,6; Dn 2.44). Esse reino será firmado par sempre e jamais será destruído.

 

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído. (Dn 7.13,14)

 

   Deus havia feito essa promessa no pacto com Davi (2Sm 7.12,13), porém após a sucessão de Davi o reino de Israel fora dividido em dois: o do norte, Israel com 10 tribos e o do sul, Judá com 2 duas tribos. Mais tarde o reino do norte fora destruído e do sul levado ao cativeiro na Babilônia por 70 anos. A promessa de Deus estende-se mais além do que isso. Ela fala do reino do Messias. Aquilo era apenas a sombra do que haveria de vir.

 

6). A Promessa de Novos Céus e Nova Terra

 

Essa promessa é mais falada por Isaías.

 

Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. (Is 65.17)

 

Aqui não temos um lar, uma pátria definitiva. Somos forasteiros e peregrinos (1Pe 1.1). Aguardamos a redenção. A consumação redentiva do plano de Deus. A manifestação da glória, da revelação dos filhos de Deus. Será a redenção não só nossa, mas de toda a criação afetada pelo pecado

A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos. (Rm 8.19-25).

 

A glória dessa nova terra será mostrada quando ela será unida a novos céus, quando o tabernáculo de Deus descer do céu, da parte de Deus Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.” (Ap 21.1,2)

 

 

CONCLUSÃO

 

Devemos ver claramente que Deus, o Todo-Poderoso criou todas as coisas com um propósito perfeito e definido.

Deus executou seu proposito perfeitamente na escatologia inaugurada (as promessas e os acontecimentos do A.T.). Há ainda uma escatologia futura, coisas que estarão porvir;

Devemos viver na era presente com temor, santidade e fé expectativa, crendo na promessa de um Deus que não pode mentir e que cumpriu tudo o que havia prometido até aqui sabendo que da mesma forma cumprirá no futuro. Deus cumprirá com todas as promessas do que está por vir (escatologia futura) do mesmo modo em que cumpriu com as promessas do A.T que já forma e estão sendo cumpridas na era presente.

O Apóstolo Pedro nos orienta como deve ser nosso procedimento frente às promessas de Deus para o futuro “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça. Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2Pe 3.10-18).

 

 
 

 

RFERÊRENCIAS

 

HANKO, Ronald. Os Novos Céus e a Nova Terra. Disponível em: http://monergismo.com. Acesso em 14 de agosto de 2013.

 

HOEKEMA, Anthony.  A Bíblia e o futuro. São Paulo: Casa Ed. Presbiteriana, 1989.

 

LIMA, Leandro Antonio de. Razão da esperança - Teologia para hoje. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

 

 

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A Igreja Brasileira na Pós-modernidade

por

Prof. Isaías Lobão Pereira Júnior



O pensamento Pós-Moderno esvaziou a religião formal. Na Pós-Modernidade, a religião deixou a dimensão pública e restringiu-se à esfera privada. Na tentativa de se libertar de uma cultura religiosa com padrões morais absolutos, o indivíduo pós-moderno criou uma religiosidade interiorizada, subjetiva e sem culpa.

As pessoas querem optar pela sua “preferência” religiosa sem ser importunadas por opiniões contrárias. Os critérios que orientam essas escolhas são todos íntimos e subjetivos. Semelhantemente, também não tentarão impor sua nova opção de fé a ninguém.

Na Igreja, o que antes era convicção, hoje é opção. Os mandamentos divinos passaram a ser sugestões divinas. A igreja é orientada por aquilo que dá certo e não por aquilo que é certo. O pragmatismo missionário e o “novo poder” da igreja (político, econômico, tecnológico, etc) esvaziou o significado da oração e seu espaço na tarefa da igreja. Confiamos mais em nossos recursos e menos em Deus, superestimamos o poder de César e subestimamos o poder de Deus. As ferramentas ideológicas e tecnológicas tornaram-se mais eficientes que a comunidade e a comunhão.

Entendo que a versão evangélica da pós-modernidade seja o neopentecostalismo e seus famigerados congêneres. O neopentecostalismo possui diversos traços de continuidade cultural com o catolicismo popular latino-americano. Continuidade que muitas vezes desemboca em sincretismo e no reforço de práticas e concepções corporativistas. O protestantismo, por sua vez, é a religião da escrita, da educação cívica e racional. Favorece uma cultura política democrática e promove uma pedagogia da vontade individual.

Entende-se por “protestante” ou “protestantismo” todo o conjunto de instituições religiosas surgidas em conseqüência da Reforma Religiosa do século XVI nas suas principais vertentes que são a luterana e a calvinista e que procuram manter os princípios básicos que formam o princípio protestante da liberdade: a justificação pela fé, a “sola scriptura”, o livre exame da Bíblia e o sacerdócio universal de todos os crentes.

Hoje em dia é difícil incluir entre os protestantes alguns setores do pentecostalismo e, principalmente, do neopentecostalismo brasileiro. Esta é a opinião do Dr. Ricardo Mariano [1] que analisou os modernos movimentos neopentecostais e segundo ele:

O neopentecostalismo, o responsável pela “explosão protestante”, à medida que passa a formar sincretismos, a se autonomizar em relação à influência das matrizes religiosas norte-americanas, a promover sucessivas acomodações sociais, a abandonar práticas ascéticas e sectárias, a penetrar em novos e inusitados espaços sociais e a assumir o status de uma grande minoria religiosa, cada vez menos tende a representar uma ruptura com a cultura ambiente. Tende, pelo contrário, a mostrar-se menos distintivo, mais aculturado, mais vulnerável à antropofagia brasileira e, portanto, cada vez menos capaz de modificar a cultura que o acolheu e na qual vem se acomodando.

O neopentecostalismo, pelo contrário, provêm da cultura religiosa do catolicismo popular, corporativista e autoritário. É a religião da lábia, do engano e da corrupção. Ele favorece o analfabetismo bíblico. Esta nova religiosidade evangélica é um tipo de ocultismo, recheado de citações bíblicas. O Neopentecostalismo há muito deixou de ser evangélico, tornando uma outra forma de expressão religiosa, distante do pensamento protestante e reformado.

Uma das rupturas mais sérias do Neopentecostalismo com o pensamento protestante, é o uso da Bíblia. No Protestantismo a Bíblia é sua última autoridade, não a tradição ou personalidades importantes ou mesmo a experiência espiritual, enquanto que o Neopentecostalismo enfatiza o uso mágico da Escritura. Para os neopentecostais, a Bíblia é mais um oráculo a ser consultado do que a única regra de fé e prática.

Em Brasília, um jornal local publica semanalmente um anúncio estranho: “Revela-se por Professia” (sic). A promessa por trás dessa mensagem é a solução imediata dos problemas, dos encostos e das maldições, tal como as inúmeras videntes que infestam os grandes centros urbanos. Normalmente nestas sessões, a vidente se posta diante do pedinte com uma Bíblia aberta. A intenção é encontrar “na palavra” a solução para os problemas. Os versos bíblicos são interpretados fora de contexto, sempre na busca de uma “palavra de bênção”.

No neopentecostalismo, as doutrinas bíblicas foram rejeitadas e substituídas por um falso evangelho centralizado no homem. Boa parte da pregação neopentecostal é um mero exercício de auto-ajuda, com a intenção principal de acalmar a consciência pecaminosa com promessas de riqueza e bem-estar. Contudo, o mandamento para todos os ministros cristãos, ainda continua sendo, prega a palavra (I Timóteo 4:1), em lugar disso, os pregadores se transformaram em animadores de auditório.

Nossa tarefa apologética para esta era pós-moderna é restaurar a confiança na verdade. A Bíblia continua sendo a Palavra de Deus. A Bíblia é um documento inspirado da revelação divina, quer este ou aquele indivíduo receba ou não o seu testemunho. Devemos, pois, respeito e obediência à Bíblia, não por ser letra fixa e estática, mas porque, sob a orientação do Espírito Santo, essa letra é a Palavra viva do Deus vivo dirigida não só ao crente individual, mas à Igreja em geral.

A igreja precisa rever sua atuação, olhando para o Senhor Jesus e lançando-se humildemente de volta às Escrituras, resgatando sua identidade e o seu chamado. Se abrirmos mão da Palavra de Deus como verdade absoluta, correremos sérios riscos diante de uma sociedade sem referenciais, mas principalmente diante de um Senhor zeloso que rege a história e têm em suas mãos todo o domínio e todo o poder.





terça-feira, 7 de maio de 2013

Precisamos de Homens de Deus

por: A. W. Tozer

Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente e fortalecei-vos. (I Cor 16.13)



A igreja, neste momento, precisa de homens, o tipo certo de homens, homens ousados. Afirma-se que necessitamos de avivamento e de um novo movimento do Espírito; Deus, sabe que precisamos de ambas as coisas. Entretanto, Ele não haverá de avivar ratinhos. Não encherá coelhos com seu Espírito Santo.

A igreja suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já morreram para as seduções deste mundo. Tais homens estarão livres das compulsões que controlam os homens mais fracos. Não serão forçados a fazer as coisas pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá do íntimo e do alto.

Esse tipo de liberdade é necessária, se queremos ter novamente, em nossos púlpitos, pregadores cheios de poder, ao invés de mascotes. Esses homens livres servirão a Deus e à humanidade através de motivações elevadas demais, para serem compreendidas pelo grande número de religiosos que hoje entram e saem do santuário. Esse homens jamais tomarão decisões motivados pelo medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de agradar, não ministrarão por causa de condições financeiras, jamais realizarão qualquer ato religioso por simples costume; nem permitirão a si mesmos serem influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo por boa reputação.

Muito do que a igreja faz em nossos dias, ela o faz porque tem medo de não fazê-lo. Associações de pastores atiram-se em projetos motivados apenas pelo temor de não se envolverem em tais projetos.

Sempre que o seu reconhecimento motivado pelo medo (do tipo que observa o que os outros dizem e fazem) os conduz a crer no que o mundo espera que eles façam, eles o farão na próxima segunda-feira pela manhã, com toda a espécie de zelo ostentoso e demonstração de piedade. A influência constrangedora da opinião pública é quem chama esses profetas, não a voz de Jeová.

A verdadeira igreja jamais sondou as expectativas públicas, antes de se atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e avançaram totalmente independentes do apoio popular ou da falta deste apoio. Eles sabiam que era vontade de Deus e o fizeram, e o povo os seguiu (às vezes em triunfo, porém mais freqüentemente com insultos e perseguição pública); e a recompensa de tais líderes foi a satisfação de estarem certos em um mundo errado.

Outra característica do verdadeiro homem de Deus tem sido o amor. O homem livre, que aprendeu a ouvir a voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo moral que partiu os corações dos profetas do Antigo Testamento, esmagou a alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou abundantes lágrimas dos apóstolos.

O homem livre jamais foi um tirano religioso, nem procurou exercer senhorio sobre a herança pertencente a Deus. O medo e a falta de segurança pessoal têm levado os homens a esmagarem os seus semelhantes debaixo de seus pés. Esse tipo de homem tinha algum interesse a proteger, alguma posição a assegurar; portanto, exigiu submissão de seus seguidores como garantia de sua própria segurança. Mas o homem livre, jamais; ele nada tem a proteger, nenhuma ambição a perseguir, nenhum inimigo a temer. Por esse motivo, ele é alguém completamente descuidado a respeito de seu prestígio entre os homens. Se o seguirem, muito bem; caso não o sigam, ele nada perde que seja querido ao seu coração; mas, quer ele seja aceito, quer seja rejeitado, continuará amando seu povo com sincera devoção. E somente a morte pode silenciar sua terna intercessão por eles.

Sim, se o cristianismo evangélico tem de permanecer vivo, precisa novamente de homens, o tipo certo de homens. Deverá repudiar os fracotes que não ousam falar o que precisa ser externado; precisa buscar, em oração e muita humildade, o surgimento de homens feitos da mesma qualidade dos profetas e dos antigos mártires. Deus ouvirá os clamores de seu povo, assim como Ele ouviu os clamores de Israel no Egito. Haverá de enviar libertação, ao enviar libertadores. É assim que Ele age entre os homens.

E, quando vierem os libertadores... serão homens de Deus, homens de coragem. Terão Deus ao seu lado, porque serão cuidadosos em permanecer ao lado dEle; serão cooperadores com Cristo e instrumentos nas mãos do Espírito Santo...



sábado, 27 de abril de 2013

A SUPERIORIDADE DA PESSOA DE CRISTO E SUA OBRA

Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; (Hebreus 2.1-3)

Se nossa fé não estiver focada na Pessoa bendita e na obra de Cristo, quão distante estamos do evangelho, negligenciando a tão grande salvação.

Os crentes hebreus estavam inclinados à fé em anjos e à prática dos sacrifícios da antiga dispensação. Eles na haviam, ainda, entendido plenamente o evangelho da Graça. A pessoa e obra de Cristo não estavam claras para eles, visto que não entenderam a superioridade de Cristo em relação aos anjos, pelo fato de o salvador ter vindo na forma de homem e de seu sacrifício salvífico e sumo sacerdotal.

O autor da epístola aos hebreus deixa claro que Cristo é maior que os anjos, que Ele está no trono celeste, domina toda criação, está recebendo as honras celestiais, adorado e servido pelos próprios anjos. (Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles... E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.). (Hebreus 1.3,4, 6)



Os hebreus, porém, estavam negligenciando a fé cristã. O foco da fé deles não estava no evangelho da Nova Aliança. Muitos já haviam deixado de frequentar os cultos por isso o autor os alerta sobre o risco da apostasia. Queriam voltar aos preceitos antigos da fé judaica. (Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima). (Hebreus 10.25)

Jesus sendo o próprio Deus assumiu a nossa natureza, experimentou o pavor da morte, fez voltar contra si próprio toda ira de Deus que era contra nós e na condição de perfeito sumo sacerdote nos apresentou nos céus como filhos de Deus e seus irmãos (Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu,). (Hebreus 2.11-13)

Tudo isso fez Cristo por nós para nos salvar e nos conduzir à fé e à confiança em Deus. (Hb 2.13). Assim importa que estejamos cada vez mais apegados a Cristo e a sua Palavra.

O perigo da apostasia que era iminente entre os crentes hebreus é mais gritante em nossos dias e pode se identificar claramente nas igrejas modernas, onde as pessoas se agarram a tudo: anjos; óleo de Israel; candelabro de ouro; cajado de Moisés; estrela de Davi, etc, menos a Cristo, numa atitude de fé pura e simples em Deus.

Os cristãos de hoje (gentios) estão cada vez mais judaizados. Querem a qualquer custo serem judeus mais do que os hebreus.

O objetivo do autor de Hebreus era remover as idéias judaicas da fé dos seus leitores originais (os crentes hebreus) e conduzi-los à fé autêntica no evangelho de Cristo. Ao contrário do que nos ensina o texto bíblico, temos visto em nossos dias, ensinamentos estranhos de certos líderes evangélicos levando a igreja a esse retrocesso da fé cristã. O autor sagrado revela que remontar às práticas e aos princípios antigos da fé de Israel era ignorar a superioridade da Pessoa e do sacrifício de Cristo, era negligenciar a salvação, um indício de que estavam perdidos, pois abandonando a fé evangélica (em vez da israelita) recusariam Jesus e estariam sem nada, sem a segurança da salvação eterna. Portanto, nos apeguemos firmemente a Cristo e à Palavra do puro e santo evangelho, ou nada teremos.

Autor: Antonivaldo de Jesus Silva







segunda-feira, 8 de abril de 2013

BUSCANDO UM VERDADEIRO AVIVAMENTO PARA OS NOSSOS DIAS

Então o sumo sacerdote Hilquias disse ao secretário Safã: "Encontrei o livro da Lei no templo do Senhor". Ele o entregou a Safã, que o leu.

O secretário Safã voltou ao rei e lhe informou: "Teus servos entregaram a prata que havia no templo do Senhor e a confiaram aos trabalhadores e supervisores no templo".

E o secretário Safã acrescentou: "O sacerdote Hilquias entregou-me um livro". E Safã o leu para o rei.

Assim que o rei ouviu as palavras do livro da Lei, rasgou suas vestes

e deu estas ordens ao sacerdote Hilquias, a Aicam, filho de Safã, a Acbor, filho de Micaías, ao secretário Safã e ao auxiliar real Asaías:

"Vão consultar o Senhor por mim, pelo povo e por todo Judá acerca do que está escrito neste livro que foi encontrado. A ira do Senhor contra nós deve ser grande, pois nossos antepassados não obedeceram às palavras deste livro, nem agiram de acordo com tudo que nele está escrito a nosso respeito". (2 Reis 22. 8-13)


Existe uma falsa concepção sobre avivamento e, inclusive muitos acham que exista um tempo propício na Igreja para tratar desse assunto. A verdade categórica é que não há um determinado período na igreja para falar de avivamento. Avivamento é um assunto, uma necessidade urgente e iminente da igreja. É para agora.

A Reforma Protestante foi o maior movimento avivalista da história da Igreja até hoje. A igreja estava divorciada da Palavra de Deus; idolatria, indulgências ¬- venda de perdão, autoridade das Escrituras Sagradas submetida à autoridade dos homens e da tradição, etc.

No entanto, foi nesse contexto de frieza e letargia espiritual que Deus levantou homens valorosos como Lutero e Calvino, cheios de amor no coração e zelo com a Palavra de Deus, para conduzir a Igreja de Cristo de volta à Sagrada Escritura.

Calvino, o grande exegeta da reforma dizia: “assim que os homens se afastam da Palavra de Deus, ainda que seja em pequena proporção, eles pregam nada mais que falsidades, vaidades, mentiras, erros e enganos”.

SOLA ESCRIPTURA! Esse foi o principal fundamento da Reforma Protestante. Somente a Palavra de Deus é suficiente. Somente a Palavra de Deus é autentica. Somente a Palavra de Deus é a principal autoridade sobre todos e tudo, sobre a igreja. Somente a Palavra de Deus é a nossa única regra de fé e prática. Ela é absoluta, inspirada, inerrante e suficiente.

Outra grande afirmação do Reformador genebrino: “É ordenado a todos os servos de Deus que não apresentem invenções próprias, mas que simplesmente entreguem aquilo que receberam de Deus para a congregação da mesma forma como alguém que passa algo de uma mão para outra.”

Avivamento não é euforia. Não é ‘oba-oba’ na igreja. Não é saturar a liturgia com músicas. Não é histerismo nem os muitos shows do movimento gospel. Não é o ativismo  -  os muitos eventos da agenda das igrejas produzidos durante o ano. NÃO! Avivamento é retorno a Deus e à sua Palavra. Foi isso que aconteceu na Reforma Protestante do século XVI. Foi o que aconteceu nos dias do Rei Josias.

Assim como no tempo da Reforma Protestante e tal como nos dias de Josias, nossos dias também carecem de uma séria reforma, de um avivamento.
Josias era um rei, um líder com um coração devotado e cujos atos eram concordes com as prescrições da lei de Deus. Ele reconheceu o perigo para a vida religiosa do povo de Deus em ter se afastado da palavra do Senhor. O castigo era iminente porquanto eles haviam quebrado o Pacto.

O lema da igreja protestante reformada é: “igreja reformada sempre se reformando.”

Retorno às Escrituras já! Retornar ao verdadeiro evangelho, à pregação genuína e fiel do evangelho de Cristo.

Na epístola aos Gálatas, o Apóstolo Paulo diz: ‘Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho

que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo.

Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!

Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado. ’ (Gálatas 1:6-9, N.V.I).

Por que precisamos voltar às Escrituras e à pregação fiel do genuíno evangelho? Porque o que estar se pregando é outro evangelho. Não é o evangelho de Cristo narrado nas Escrituras.

Vejamos o que diz o próprio Paulo: Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo.

Quanto a estes, o seu destino é a perdição, o seu deus é o estômago e têm orgulho do que é vergonhoso; eles só pensam nas coisas terrenas.

A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo. (Filipenses 3:18-20, N.V.I)

Por que digo que o evangelho que está sendo pregado e difundido massiçamente é outro evangelho?

Quando Jesus iniciou o seu ministério a mensagem Dele era: ‘arrependei-vos e crede no evangelho’/ ‘eu sou a fonte, aquele que tiver sede venha a mim e beba’/ ‘em verdade vos digo: necessário vos é nascer de novo’/ ‘aquele que não nascer de novo não entrará no reino dos céus’/ ‘aquele que crê em mim ainda que seja morto viverá’/ ‘aquele que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.’

Mas, o que está acontecendo hoje? Os inimigos da cruz estão pregando um evangelho sem cruz. O evangelho das facilidades, da prosperidade, da vitória financeira, das falsas promessas. Suas mensagens são vazias e atendem aos anseios do relativismo e do existencialismo.



A nossa missão é pregar e viver o evangelho da cruz. Pois Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho, não com palavras de sabedoria humana, para que a cruz de Cristo não seja esvaziada. Cristo, Sabedoria e Poder de Deus

Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. (1 Coríntios 1:17-18, N.V.I)

A cruz de Cristo deve ser o cerne da mensagem do evangelho. A expressão ‘tome sua cruz e siga-me’ significa que nós temos que morrer com Cristo. Viver a nova vida que achada em Cristo quando perdemos a velha vida. Cruz nessa passagem é lugar de morte, de renúncia. É matar nosso eu, a carne para ressurgirmos com Cristo. (Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós em novidade de vida...sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos mais o pecado como escravos.) ( Rm 6.4,6)

Os inimigos da cruz pregam outro evangelho: “seja abençoado; seja próspero, usufrua das riquezas dessa terra, seja chefe no seu trabalho, combata a inveja, seja cabeça e não calda, governe tudo e todos.”

Na atual conjuntura é um engodo afirmar que a igreja vai bem e crescendo, que o evangelho está sendo pregado. Antes, é preciso distinguir qual evangelho está sendo anunciado. Pregam o querem, distorcem a Palavra de Deus para obter vantagens próprias. E assim as pessoas se convencionam com esse evangelho fajuto, pífio, sem vida e sem compromisso aliançado com Deus, sem comunhão com o corpo de Cristo. Deus é só um capacho. Deus é apenas uma fonte de exploração, sem significar nada mais, além disso.

A glória de Deus nunca é buscada e sim a do Homem. Existe uma super valorização do ser humano em detrimento da glória de Deus. As músicas entoadas nos cultos falam bastante do homem como vencedor, campeão, imbatível e valoroso. Jamais colocam o homem no seu devido lugar de criatura finita, reles mortal, miserável e pecador, carente da graça divina. Já não se canta mais: “Tu és soberano; Santo, Santo, Santo, Deus onipotente; Santo nome incomparável tem Jesus, o amado teu... etc.”
Nas mensagens do evangelho moderno Deus deixa de soberano, o homem passa a determinar tudo. O culto deixa de ser cristocêntrico para ser egocêntrico. As pessoas vão à igreja para ouvirem o que querem. Gostam de ouvir aquilo que lhes massageia o ego e lhes exaltam, não o que Deus tem pra dizer, pois a verdade lhes causa coceira nos ouvidos. (‘Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. ’ 2Tm 4.3,4). Doutrina? Nem pensar! São inimigos. Mas como podemos desprezar a doutrina se ela é nada mais que o ensinamento da palavra de Deus? Diz a palavra do Senhor: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas coisas chegarem ao fim? (Jr 5.30,31). E mais: “Aceita a disciplina, ó Jerusalém, para que não eu não me aparte de ti; para que eu não te torne em assolação e terra não habitada... A quem falarei e testemunharei, para que ouçam? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos e não podem ouvir; eis que a palavra do SENHOR é para eles coisa vergonhosa, não gostam dela. (Jr 6.8,10)

Podemos fazer um paralelo com o que diz Paulo aos gálatas: Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. E com o que diz o próprio Jesus: “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.8)

Precisamos resgatar a boa consciência sobre a palavra de Deus, o amor e o zelo pela mesma e não nos engodar com raciocínios falazes (Cl 2.4).

João Calvino dizia: “A fé não consiste na ignorância, mas no conhecimento.” Deus não se agrada dos ignorantes por isso nos Deus a mente de Cristo. Quem rejeita a doutrina é ignorante e inimigo da Palavra de Deus.

O evangelho que precisamos pregar e ouvir é o evangelho bíblico puro e genuíno. Precisamos de uma reforma urgente. Precisamos do avivamento verdadeiro que é o retorno à palavra de Deus.

Somos uma terra desolada. O crescimento da igreja brasileira não tem significado muita coisa para o nosso povo, para nossa nação. Nenhuma mudança de vida nem de costumes. Nada de positivo tem surgido. Por quê? O evangelho disseminado não o evangelho da bíblia que muda vidas, que transforma e restaura.

A pregação só pode transformar vidas e converter as almas quando se prega fielmente a Palavra de Deus, como em Atos 2, após a pregação de Pedro o Espírito Santo compungiu os corações de quase 3 mil pessoas que ali estavam.

Só seremos reavivados e andaremos no Espírito se retornamos à palavra de Deus. Para que isso se suceda, como nos dias de Josias temos encontrar o Livro, a bíblia que tal como naquele tempo estava perdido no Templo – na Casa de Deus e a partir daí promovermos uma reforma na igreja, no culto, na pregação e nas nossas vidas. Isso é verdadeiramente AVIVAMENTO!


Antonivaldo de Jesus Silva

sábado, 6 de abril de 2013

OS QUE PERTENCEM À IGREJA

OS QUE PERTENCEM À IGREJA


A Igreja é a comunidade dos santos, a comunidade dos fiéis e eleitos de Deus. Pertencem à ela todos aqueles a quem o Senhor de fato remiu. Fora dela não há salvação, embora não seja ela quem salva o pecador, mas o Senhor que a fundamentou. Não há eleitos que estejam fora que não venham pertencer à igreja, pois Cristo os conduz à ela. Disse Jesus: Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá um rebanho e um pastor.

Calvino dizia: “há muitas ovelhas fora da igreja, e muitos lobos dentro dela”. A conversão de Paulo e os exemplos de Ananias e Safira assim como o de Simão, o mágico, relatados nos capítulos 5,8 e 9 de Atos elucidam esta assertiva.

Pertencer à Igreja de Cristo e ser salvo é possuir as marcas da eleição. E quais são essas marcas? Analisemos o texto bíblico: pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: sede santos, porque eu sou santo... Tendo purificado a vossa alma, pela obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. As marcas de quem pertence à Igreja de Cristo, de acordo o texto são: a Regeneração; a Comunhão dos santos; a Santidade e a Fidelidade ou observância à palavra de Deus.

A igreja é composta de todos os eleitos de Deus, nos quais se verificam a eleição de Deus, o Pai, a purificação de Deus, o Filho e a santificação de Deus, o Espírito.

O bispo Jewell, o reformador, disse o seguinte: “Os inimigos da verdade ensinam muita doutrina falsa debaixo do nome santa igreja, porque nunca houve nada até hoje tão absurdo ou tão perverso, que não fosse fácil defender sob o nome da igreja”. O apóstolo Paulo ensina: “Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de cristo. o destino deles é a perdição e o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com coisas terrenas.”

Muitos podem não ser da verdadeira igreja, assim devemos perguntar: pertenço a qual igreja? À comunidade dos fiéis e eleitos ou à comunidade daqueles cuja fé só atenta para as coisas terrenas?

Antonivaldo de Jesus Silva





Evangelicalismo moderno: um sério desvio bíblico-teológico da igreja brasileira

Evangelicalismo moderno: um sério desvio bíblico-teológico da igreja brasileira




Acredito, que a causa principal da ojeriza que as pessoas sentem pelos evangélicos brasileiros é devido a figuras caricatas, personas non gratas - os pregadores televisivos, paladinos da Teologia da Prosperidade (donos de igrejas-empresas). Teólogos neoliberais, pregadores de uma teologia deformada, gerada por uma hermenêutica deformada que formam crentes deformados, ininteligentes e ignaros, incapzes de tecer uma cosmovisão genuinamente bíblica e persuasiva.

João Calvino dizia: “A fé consiste no conhecimento, não na ignorância”. Não tenho dúvida alguma, que a essência da fé cristã está na Teologia Biblica resgatada pelos reformadores do séc. XVI. Todavia o evangelho que se vive hoje é uma caricatura híbrida do relativismo-existencialismo-pluralismo-liberalismo teológico. Que produz mensagens vazias de auto-ajuda, falsas promessas, psicologia barata sem qualquer embasamento consistentemente bíblico-teológico.

Jonh Stott, um dos maiores teólogos contemporâneos, classificado pela revista Time, em 2005, como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, em seu formidável livro CRER TAMBÉM É PENSAR, cita uma frase do doutor John Mackay, à época, Presidente do Seminário de Princeton, que muito retrata a cara do evangelicalismo brasileiro: “Comprometimento sem reflexão é fanatismo em ação, reflexão sem comprometimento é a paralisia de toda ação.”

O crescimento exorbitante do evangelicalismo brasileiro assusta-nos pela falta de uma teologia bíblica consistente, pela onda de anti-intelectualismo e de fé pragmática-existencialista sem reflexão bíblica. Se a igreja brasileira não aspirar por uma reforma bíblico-teológica como no sec. XVI, essas hidras pós-modernas continuarão crescendo e matando a fé evangélica com seu mau hálito venenoso da teologia barata . É preciso definirmos quem somos para não sermos confundidos com quem nada é.

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